Crítica: Bela Vingança (2020)

Indicações: Oscar 2021

  • Melhor Filme
  • Melhor Direção (Emerald Fennell)
  • Melhor Roteiro Original
  • Melhor Atriz (Carey Mulligan)
  • Melhor Edição
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“Você consegue adivinhar qual é o pior pesadelo de toda mulher?”, Cassie (Carey Mulligan) pergunta. Você provavelmente não precisa assistir a Bela Vingança para saber a resposta a essa pergunta. E é movida por esse medo, combinado com muita raiva, que Cassie tem vivido ultimamente, depois de abandonar a faculdade de medicina. Todas as noites ela vai a um bar e finge estar bêbada. E, todas as noites, aparece um homem com o pretexto de ajudá-la a voltar para casa, mas com outras intenções em mente.

Cassie tem um bloco de anotações onde registra quantos homens se comportaram dessa maneira – e ela não tem intenção de parar. Afinal, ela sofreu muito depois de perder sua melhor amiga, Nina, cujo nome ela tem em seu colar, e está em busca de vingança.

A atuação de Carey Mulligan é excelente. Ela consegue capturar a determinação ambígua e hesitação de Cassie, bem como seu sarcasmo e sua profunda tristeza. Acima de tudo, ela canaliza sua raiva, e o público realmente acredita no objetivo da personagem.

O desempenho dela fica ainda mais completo com a ajuda de uma escolha muito inteligente de figurino, cabelo e maquiagem. Cassie se veste de maneira diferente dependendo de sua intenção, mas, como vemos ao longo do filme, realmente não importa o que ela está vestindo: ela será assediada nas ruas de qualquer maneira.

A trilha sonora também é repleta de ótimas escolhas, definindo o tom e o clima para cada momento da história de Cassie. O destaque é uma versão instrumental mais assustadora e misteriosa de “Toxic”.

O elenco também merece elogios, com Laverne Cox, Bo Burnham, Alison Brie, Adam Brody, Chris Lowell, Molly Shannon e muitos outros, todos com ótimas atuações.

É um filme muito atual, pois incorpora o movimento #metoo de muitas perspectivas: a mulher que não é levada a sério, as pessoas que fecham os olhos para relatos de agressões sexuais nas universidades e, principalmente, os homens que pensam que não estão fazendo nada de errado.

Escrito e dirigido por Emerald Fennell, que foi indicada ao Oscar em ambas as categorias, Bela Vingança é uma montanha-russa de emoções. É uma mistura de suspense e drama, com alguns momentos engraçados. É, acima de tudo, a história de uma jovem que tinha um futuro promissor que lhe foi roubado. Pode ser Cassie, mas também pode ser Nina ou tantos outras. Essa é a beleza do título do filme em inglês (“Promising Young Woman”, ou “Jovem Promissora”) e a tristeza do filme.

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