Minha nota | IMDb | Rotten Tomatoes | ||
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Críticos | Público | Críticos | Público | |
9/10 | 90/100 | 8,2/10 | 92% | 84% |
“Quem vive, quem morre, quem conta a sua história?” Essa é a pergunta proposta ao público no final de Hamilton, o musical de sucesso da Broadway que conta a história de Alexander Hamilton e outras pessoas importantes da história dos Estados Unidos. E é a mesma reflexão que Martin Scorsese faz em Assassinos da Lua das Flores, seu mais recente filme épico, com duração de 3h26min.
A História é frequentemente contada do ponto de vista das pessoas que detinham o poder na época, com outras perspectivas sendo ignoradas ou completamente apagadas. O livro de 2017 Killers of the Flower Moon: The Osage Murders and the Birth of the FBI que inspirou o filme é uma prova disso. O jornalista David Grann investiga os assassinatos do povo Osage que aconteceram na década de 1920 em Oklahoma e se esforça para descobrir exatamente o que aconteceu naquela época e por quê houve tanta demora para que algo fosse feito a respeito.
O povo Osage comprou um grande terreno que inicialmente parecia sem valor, na esperança de poder viver lá sem medo de ser forçado a sair novamente. Alguns anos depois, porém, foi encontrado petróleo e os Osage tornaram-se muito ricos muito rapidamente. Essa quantia de dinheiro certamente atraiu pessoas para a região e muitos Osage começaram a morrer misteriosamente logo depois.
Como o título do livro sugere, ele se concentra principalmente na investigação do FBI e na sua perspectiva sobre os casos. Scorsese, no entanto, muda os personagens principais da história e coloca o casamento de Ernest Burkhart (Leonardo DiCaprio) e Mollie Burkhart (Lily Gladstone) no centro.
Essa mudança tornou a história ainda mais interessante porque o público testemunha não apenas como Ernest é manipulado por seu tio William Hale (Robert De Niro), que estava interessado em obter todas as heranças possíveis que os Osage tinham, mas também como Mollie apoia Ernest apesar dos claros sinais de que ele estava envolvido na morte de seus próprios familiares (suas irmãs e sua mãe). Ela sabia e optou por ignorar? Ou ela não notou nada por causa de seu amor genuíno por Ernest?
A atuação de Lily Gladstone é tão cativante que é difícil dizer o que ela está pensando e por que sua personagem faz o que faz. Há muitas cenas poderosas, mas o clímax do filme, uma cena entre ela e Leonardo DiCaprio no terceiro ato, é o que a consolida como a favorita, pelo menos por enquanto, ao Oscar.
Leonardo DiCaprio também está ótima, com sotaque pesado e carrancudo durante todo o filme. Seu personagem faz parte de algo terrível, mas ele consegue fazer o público se sentir mal por ele em alguns momentos do filme.
Robert De Niro também foi bom como vilão principal e foi ótimo finalmente vê-lo junto com DiCaprio na tela depois de colaborarem individualmente com Scorsese há anos.
Quanto ao restante do elenco, uma das maiores falhas do filme é a subutilização criminosa de Jesse Plemons, que interpreta o investigador do FBI e entra na história tarde demais. John Lithgow também mal participa, mas faz um bom trabalho como promotor. O mesmo, porém, não pode ser dito de Brendan Fraser, que interpreta o advogado de defesa. Seu jeito de falar era tão diferente de qualquer outra pessoa que parecia que ele estava em um outro filme. O público da minha sessão riu do personagem dele e provavelmente não era essa a intenção do filme em cenas tão tensas.
A história em si foi bem contada, com um final excelente e inteligente, mas houve alguns pontos que poderiam ter sido melhor explicados. Há uma cena inicial entre Robert De Niro e Leonardo DiCaprio que poderia ter resolvido esses problemas. Como Ernest acabara de chegar, seu tio poderia ter explicado a ele (e ao público) como exatamente o dinheiro foi para os Osage e como eles tinham acesso a ele, em vez de apenas dizer que havia muito dinheiro e dar-lhe um livro sobre os Osage.
A trilha sonora de Robbie Robertson foi precisa e muito eficaz, ajudando no ritmo do filme.
Assassinos da Lua das Flores, de Martin Scorcese, é um filme extremamente poderoso e comovente que prova que qualquer pessoa pode contar qualquer história legitimamente e estar ciente de que algumas peças dela podem estar faltando. Portanto, cabe ao público entender isso e refletir sobre como a história deve ser lembrada e contada no futuro.