Crítica: The Crown (2a Temporada)

The Crown Poster

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Nas últimas semanas, a ótima série The Crown tem estado com frequência no noticiário em razão da recém divulgada disparidade salarial entre Claire Foy e Matt Smith. Os produtores já pediram desculpas pelo ocorrido e prometeram que isso não se repetirá nas próximas temporadas. O motivo alegado: Matt Smith era mais famoso do que Claire Foy à época, já que interpretou Dr. Who, personagem muito famoso no Reino Unido.

Uma pena, porém, saber que não houve renegociação após a primeira temporada, que catapultou a carreira de Claire Foy. Ela não foi apenas reconhecida pelos espectadores como a melhor atriz da série, mas também pela crítica especializada, tendo sido indicada a diversos prêmios.

A segunda temporada a consolida, com sua perfeita interpretação da Rainha Elizabeth II no período entre o final dos anos 50 e o início da década de 60.

Os três primeiros episódios focam na relação da Rainha e de Philip, o Duque de Edimburgo (Matt Smith), que anda estremecida em razão da hierarquia existente no casal e de supostos relacionamentos extraconjugais por parte de Philip.

Há também episódios dedicados à Princesa Margaret (Vanessa Kirby), mostrando sua infelicidade após o término de seu romance com Peter Townsend. No entanto, ela conhece Tony Armstrong-Jones (Matthew Goode) e volta a ser a pessoa alegre que era no início da série (quem conhece um pouco da história da família real sabe que sua felicidade infelizmente não dura muito).

No campo político, com a morte de Winston Churchill (John Lithgow), a Rainha deve lidar com Anthony Eden (Jeremy Northam), que é sucedido por Harold MacMillan (Anton Lesser) após a crise do Canal de Suez. 

O roteiro, sob responsabilidade de Peter Morgan, continua extremamente bem estruturado, com histórias com começo, meio e fim. Os personagens também são mais desenvolvidos. Philip, por exemplo, ganha mais destaque e a história de sua infância é contada em paralelo à experiência do Príncipe Charles (Julian Baring) no internato. 

Momentos importantes da história Real são incluídos, tais como o desastroso discurso da Rainha durante uma visita à fábrica da Jaguar, que gerou diversas críticas à monarquia, bem como a visita do Presidente dos EUA John Kennedy (Michael C. Hall) e da Primeira-Dama Jacqueline Kennedy (Jodi Balfour) a Londres.

Os figurinos permanecem impecáveis, reproduzindo quase exatamente as roupas usadas à época dos acontecimentos. Os cenários são igualmente deslumbrantes, tanto do interior do palácio quanto nas locações externas.

A trilha sonora segue a linha de intensidade da primeira temporada, com músicas compostas por Rupert Gregson-Williams que aumentam o nível de tensão em várias situações. 

O melhor da série, porém, continua sendo o desempenho de Claire Foy, o que me remete ao início do texto: como é possível que ela tenha recebido um salário inferior a Matt Smith? A incredibilidade é ainda maior por se tratar de uma série que fala justamente sobre uma mulher em posição de poder em uma época em que os homens dominavam o cenário.

Se na primeira temporada ela já estava magnífica, nesta segunda temporada ela se transformou na Rainha por completo. A maneira de andar, segurar a bolsa, falar – absolutamente tudo está espetacular. A melhor cena, na minha opinião, está no último episódio, quando a Rainha confronta o Primeiro Ministro MacMillan e tem um monólogo ótimo sobre a covardia dos políticos eleitos.

Como já anunciado anteriormente, o elenco principal será substituído, já que os personagens envelhecem uma década. Helena Bonham-Carter foi confirmada no papel da princesa Margaret e Olivia Colman interpretará a Rainha. Terá, portanto, a difícil missão de substituir Claire Foy. Pelo menos terá a certeza de que será paga adequadamente, independentemente de quem seja o ator interpretando o Duque de Edimburgo.

 








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