Crítica da Broadway: Dear Evan Hansen

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Frequentemente, musicais tendem a ser categorizados como “bobo” ou “apenas para entretenimento” por aqueles que claramente não estão familiarizados com o gênero. Especialmente na Broadway, isso não poderia estar mais longe da verdade. Uma série de musicais têm lidado com histórias tristes, e, por vezes, trágicas. As canções apenas aumentam a intensidade do sentimento que a história deseja transmitir para o público.

Dear Evan Hansen é um daqueles musicais que faz exatamente isso: ao falar sobre problemas de saúde mental, ele gera lágrimas de alegria e de tristeza da plateia.

Evan Hansen (interpretado com perfeição por Ben Platt) está no último ano do ensino médio e sofre de transtorno de ansiedade social. Seu terapeuta lhe diz para escrever cartas para si mesmo a fim de reforçar positivamente as coisas boas que acontecem durante seus dias. Elas costumam começar com “Querido Evan Hansen, hoje vai ser um bom dia. Eis os motivos:” e são assinadas por “Eu”. Uma delas, entretanto, cai nas mãos erradas e tudo toma um rumo perigoso especialmente após a morte de um colega de classe por suicídio.

Mesmo que possa parecer um tema deprimente, o musical é inteligente o suficiente para colocar algum alívio cômico, principalmente através de Jared Kleinman (o divertido Will Roland), que é a figura mais próxima Evan tem a um amigo.

Outro grande ponto do musical é a influência que as redes sociais têm nas reações das pessoas. Por exemplo, Alana Beck (Kristolyn Lloyd), outra colega, está constantemente tentando obter créditos extracurriculares e decide criar uma página em homenagem ao aluno que morreu, embora ela mal o conhecesse. Seus posts, no entanto, obtêm tantos “curtir” e “compartilhar” que todos se comovem com a morte do aluno. Embora possa parecer que as pessoas genuinamente se preocupam com o aluno falecido, logo se torna claro que é apenas um “fenômeno de mídia social”, condenado a ser brevemente esquecido.

Escrito por Steven Levenson e com canções escritas pelos ganhadores do Oscar Benj Hasek e Justin Paul (por La La Land: Cantando Estações), Dear Evan Hansen é perfeito para esses momentos em que a saúde mental está se tornando o foco de tantas pessoas (desde a nova série da Netflix 13 Reasons Why até a campanha da família real britânica, “Heads Together”). O musical até criou uma hashtag (#youwillbefound, ou “você será encontrado” em português) que se tornou cada vez mais popular para mostrar que ninguém deve sofrer sozinho e que a vida de todos é importante.

A história é tão intensa que não podemos deixar de nos perguntar como o elenco consegue passar por tudo isso oito vezes por semana. Cada personagem tem uma luta particular e todos no elenco são capazes de demonstrar ao público o quão doloroso pode ser perder alguém ou lidar com algum tipo de doença mental.

As lágrimas do público mencionadas no início do texto vieram especialmente de mães, já que tanto a mãe de Evan (Rachel Bay Jones) como a mãe do estudante falecido (Jennifer Laura Thompson) são a encarnação da dor e do trabalho duro que é ser mãe.

Finalmente, crédito deve ser dado a Ben Platt, que dá um desempenho excepcional, provavelmente o melhor na Broadway hoje. A forma como ele fala quando Evan está nervoso, ou move as mãos, ou olha para baixo para evitar o contato visual, etc., é realmente impressionante e fascinante.

Dear Evan Hansen é realmente um musical inovador e possivelmente um dos melhores em muito tempo.

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