Crítica da Broadway: What the Constitution Means to Me

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O que a Constituição significa para mim? Eu nunca tinha realmente pensado muito sobre a Constituição antes de entrar na faculdade de Direito no Brasil. Lá, tive quatro anos de aulas especificamente sobre a Constituição Brasileira de 1988 (mais nova que eu) e seus 250 artigos, além de várias emendas. Até hoje, as emendas são adicionadas à Constituição brasileira com bastante frequência.

Como aluna de Direito, estudei o significado que esta nova Carta teve para o país como um todo, já que foi a primeira depois de uma ditadura militar de 21 anos. Mas nunca pensei em conectar-me a ela em um nível pessoal.

Igualmente, sempre me surpreendi com a forma como a Constituição dos EUA permaneceu a mesma por mais de dois séculos, com apenas algumas poucas emendas. E sempre me surpreendeu o fato de que os americanos são capazes de declamar o começo do texto, bem como muitas das emendas, de cor. Em programas de TV, filmes, entrevistas, etc., americanos de todas as origens citam a Constituição dos EUA com uma facilidade que não se vê no Brasil.

É provavelmente por isso que fiquei fascinada com What the Constitution Means to Me (“O que a Constituição Significa para Mim”), a nova peça da Broadway, recentemente transferida do New York Theatre Workshop.

Ela é escrita e interpretada por Heidi Schreck, que se lembra de quando tinha 15 anos de idade e participava de competições de debates constitucionais nos Estados Unidos. Ela foi capaz de pagar as mensalidades de sua faculdade com os prêmios que ganhou nessas competições. Heidi, então, reencena os debates e os discursos que fazia, bem como as respostas que teria que dar sobre como uma das Emenda estava conectada com sua vida.

Ela fala sobre muitos pontos da Constituição dos EUA, mas seu foco é principalmente na 14ª Emenda, que aborda muitos aspectos da cidadania e os direitos dos cidadãos. Ela fala à plateia sobre as quatro cláusulas da Seção 1.

Enquanto explica a Emenda, ela conta histórias de sua família, principalmente sobre as mulheres de sua família e como uma longa história de abuso por parte dos homens as assombrou por gerações. Heidi faz paralelos entre essas situações e o que a Emenda diz, apontando como a Constituição de fato não protegeu as mulheres.

Sua catarse no palco me lembrou um pouco do especial de Hannah Gadsby entitulado Nanette, disponível na Netflix, já que as duas mulheres contam suas histórias com muita intensidade, mas também incluem comentários engraçados.

Heidi também usa o áudio dos juízes da Suprema Corte debatendo suas opiniões sobre casos marcantes para provar alguns de seus pontos. Por exemplo, ela nos mostra um trecho em que os juízes discutem o significado da palavra “deve” ao analisar o caso Castle Rock v. Gonzales.

A peça também conta com uma menina do ensino médio para participar de um debate com Heidi entre defender a constituição atual ou criar uma nova. Na noite em que fui, esse papel foi interpretado por Rosdely Ciprian.

Após 100 minutos ouvindo todas as histórias e argumentos sobre o que é bom sobre a Constituição dos EUA e o que lhe falta, é impossível sair do teatro sem pensar nisso. Felizmente para o público, eles fornecem uma cópia do Constituição para ajudar na conversa.

Por ser um assunto tão específico, pode não ser tão atraente para os turistas que não estão familiarizados com a Constituição dos EUA. No entanto, eu diria que é muito útil ver como os americanos lidam e se importam com esse documento e, muito provavelmente, fará com que os estrangeiros pensem sobre as próprias constituições de seus países e o que elas significam para em seus respectivos países.

What the Constitution Means to Me está em cartaz na Broadway até 21 de julho de 2019.



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