Crítica: House of Cards – 6a Temporada (2018)

House of Cards Poster

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ATENÇÃO: ESTE POST CONTÉM SPOILERS DA TEMPORADA FINAL DE “HOUSE OF CARDS”

Sempre que você constrói um castelo de cartas, você sabe que, inevitavelmente, ele cairá. Na minha opinião, isso vem acontecendo com House of Cards há algumas temporadas, quando o então presidente Frank Underwood (Kevin Spacey) e sua esposa Claire (Robin Wright) começaram a discordar e a ter seus próprios interesses.

Esperava-se, então, que a última temporada da série mostraria tudo desmoronando para os protagonistas. A grande reviravolta, no entanto, veio de algo que aconteceu fora do seriado: Kevin Spacey foi demitido após várias alegações de agressão sexual terem surgido em 2017, o que colocou o show em um impasse quando a temporada final já estava sendo filmada. Após a Netflix ter decidido continuar com o seriado de qualquer maneira, os produtores tiveram que elaborar rapidamente um novo enredo para a 6ª temporada, o que explica por quê ela teve menos episódios do que temporadas anteriores, além de parecer uma série completamente diferente.

Com a morte de Frank Underwood, Claire, que não usa mais o sobrenome Underwood e volta a usar seu nome de solteira, Hale, tem que lutar para permanecer no poder. Seus novos inimigos são Annette (Diane Lane) e Bill Shepherd (Greg Kinnear), dois irmãos que são donos da The Shepherd Freedom Foundation. A instituição tem como fachada ser uma organização de caridade, mas é um pretexto para os irmãos tentarem controlar o poder em Washington.

Personagens antigos também voltam, como Doug Stamper (Michael Kelly), que permanece fiel a Frank Underwood mesmo depois de sua morte e descobre que Frank deixou toda a sua herança para ele em seu testamento.

O personagem principal desta temporada, no entanto, continua sendo Frank Underwood, apesar de sua morte. Não há uma única imagem dele – sequer ouvimos sua voz quando um diário gravado é encontrado, mas ele está na mente de todos o tempo todo e é o que conecta todos os demais para que a temporada tenha andamento.

Claire, claro, tem um papel mais central, agora olhando diretamente para a câmera e tomando conta da situação (ou, pelo menos, tentando), mas é impossível ignorar que Frank existiu.

O principal problema, no entanto, é o excesso de explicação sobre feminismo a todo momento. Chega a ser cansativo e ofensivo, assumindo que o público não é capaz de entender as situações mostradas e vivenciadas por Claire. Ela está sempre questionando o comportamento de todos os outros em relação a ela e sugerindo que eles agiriam de forma diferente se ela fosse um homem. É muito provável que isso seja verdade, mas ainda assim não há necessidade de se repetir em todos os episódios.

A maneira mais óbvia escolhida por ela para se passar por feminista acontece quando ela substitui todos os membros de seu gabinete por mulheres. No entanto, apesar de tudo isso, ela fica grávida usando um óvulo que havia sido congelado com o único propósito de não permitir que Doug receba tudo o que lhe foi prometido no testamento de Frank (havia uma cláusula dizendo que a herança apenas iria para Doug se ele e Claire não tivessem herdeiros). Engravidar para obter benefícios: onde está o feminismo nisso? É apenas oportunismo, puro e simples.

Também perturbadora é a quantidade de subtramas e conspirações que parecem nunca acabar, embaralhando ainda mais a série.

A melhor parte foi a cena final, em que Claire e Doug se enfrentam e Claire termina o seriado da mesma maneira que Frank começou na primeira temporada: tirando uma vida enquanto olha para a câmera e diz “acabou a dor”. É uma boa maneira de terminar um seriado que dolorosamente perdeu seu rumo há algum tempo.

 



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