Crítica: Jogo do Dinheiro (2016)

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8/1054/1006,7/1054%61%
Números obtidos do IMDb e do Rotten Tomatoes em 24.5.2016.

“Nem toda conspiração é uma teoria”. Essa é a frase estampada em todos os pôsteres e outdoors do filme Jogo do Dinheiro (Money Monster) espalhados por Nova York. O trailer também nos passa a impressão de que veremos uma variação do mesmo tema, já que a crise de 2008 e os métodos adotados por Wall Street têm sido inspiração para vários filmes recentemente (A Grande Aposta, Margin Call – O Dia Antes do Fim, Trabalho Interno, etc. são apenas alguns exemplos). No entanto, saí do filme com a impressão de que o mercado financeiro foi apenas um pano de fundo para uma crítica maior.

Este é o quarto filme dirigido por Jodie Foster e ela é bem sucedida ao criar umas atmosfera de apreensão para o público. Jogo do Dinheiro mostra um dia de gravação de “Money Monster”, claramente baseado no programa “Mad Money” da rede norte-americana CNBC, no qual o mercado financeiro é discutido informalmente e o apresentador dá sugestões de investimentos ao público. Lee Gates (George Clooney) é o apresentador extrovertido, guiado pela diretora Patty Fenn (Julia Roberts). Não se trata de um programa de jornalismo, como Patty acertadamente ressalta em um momento do filme, mas sim em um programa de entretenimento.

Porém, vários espectadores o levam a sério. Um deles é Kyle Budwell (Jack O’Connell), que investiu todas as suas economias (US$ 60 mil) em ações da empresa IBIS Global Capital que, inexplicavelmente, perdeu US$ 800 milhões de dólares da noite para o dia. Kyle, furioso, invade o estúdio de gravação com um revólver e mantém reféns o apresentador e alguns técnicos. Detalhe: o programa estava sendo transmitido ao vivo. E é aí que começa a tal “conspiração” mencionada anteriormente.

Patty e sua equipe tentam desvendar o mistério enquanto Lee é obrigado a distrair Kyle, que faz questão de que tudo continue sendo transmitido pela televisão. E é esse o ponto mais importante do filme, na minha opinião. Não é à toa que esta história é contada assim. Ela mostra, muito mais do que as manobras de Wall Street, o comportamento humano quando deparado com uma situação como essa.

Kyle queria ser visto por todos – até aceita colocar o microfone na roupa e ficar em um determinado ponto do palco para que a câmera o filmasse melhor. O público, por sua vez, também queria vê-lo: Jodie Foster mostra durante todo o filme a reação das pessoas assistindo ao programa de suas casas, de bares, cafés, etc. Assistem àquilo como se fosse algo normal e não um sequestro ao vivo. Aglomeram-se em frente ao estúdio com seus celulares e câmeras à postos para registrarem o que fosse possível. Talvez apenas em um momento do filme eu tenha identificado alguma espécie de preocupação genuína nos espectadores mas, no resto do tempo estavam mais interessados mesmo em saber o que ia acontecer, independentemente de vidas estarem em jogo.

O filme tem praticamente a mesma duração dos acontecimentos do programa, de modo que nós também acompanhamos tudo ao vivo e ficamos apreensivos a cada reação de Kyle. É, de fato, um daqueles filmes em que você fica grudado na tela e nem percebe o tempo passar. Mérito de Jodie Foster e do elenco, que soube transmitir a urgência da situação.

O filme terminou e eu fiquei com a sensação de que não descobri nenhuma novidade sobre Wall Street – nada do que já não tenhamos visto/ouvido antes. O que me surpreendeu mais foi o comportamento humano mostrado nas quase duas horas de sessão. Isto, sim, é muito mais assustador do que qualquer especulação no mercado financeiro.

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