Crítica: The Post: A Guerra Secreta (2017)

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9/1083/1007,5/1088%74%
Números obtidos do IMDb e do Rotten Tomatoes em 19.1.2018.

Quando você vê os nomes de Meryl Streep e Tom Hanks em um mesmo projeto, dirigidos por Steven Spielberg, é impossível não ter, imediatamente, altas expectativas. Talvez seja por isso que The Post: A Guerra Secreta tenha sido tão aguardado e tido como um candidato ao Oscar mesmo antes de ser lançado.

Em 1971, o filme conta a história de como os Documentos do Pentágono – documentos classificados do governo dos EUA detalhando a verdadeira avaliação militar da Guerra do Vietnã – foram divulgados pelo The New York Times e como o governo conseguiu uma ordem judicial que o jornal fosse proibido de os continuar publicando.

É aí que o Washington Post entra no jogo e obtém cópias dos Documentos. O editor-chefe Ben Bradlee (Tom Hanks) tem 100% de certeza de que o Washington Post deve publicá-los e que a liberdade de imprensa deve ser defendida. Outros acionistas do jornal, no entanto, não se entusiasmaram. A decisão, então, de publicar a história ou não ficou nas mãos de Katharine Graham (Meryl Streep).

Como a primeira editora mulher de um jornal do país, Katharine Graham é constantemente maltratada por praticamente qualquer homem ao seu redor – até mesmo por Ben Bradlee, que está abaixo dela na cadeia de comando. Há uma cena onde ele diz categoricamente a ela: “mantenha seu dedo fora do meu olho”. É justamente isso que torna este filme extremamente interessante e diferente de outros filmes jornalísticos.

Enquanto Todos os Homens do Presidente e Spotlight: Segredos Revelados se concentram mais nos escândalos e nas investigações que precedem a publicação, o personagem central de The Post não é o escândalo da Guerra do Vietnã em si, mas sim Katharine Graham e o que foi necessário para que ela decidisse assumir o enorme risco de publicar algo que já havia sido proibido por um tribunal.

A trilha sonora de John Williams também ajuda com o ritmo e aumenta a tensão em muitas ocasiões, particularmente em uma cena onde Katharine Graham pressiona um telefone contra sua orelha.

É também uma história poderosa sobre censura e punição à imprensa. O New York Times Co. v. Unites States é um caso histórico até hoje em que a Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos prevaleceu (ela estabelece a liberdade de imprensa no país). É especialmente importante nos dias atuais devido ao relacionamento terrível da administração atual dos EUA com a imprensa, acusando mais da metade dos meios de comunicação de “fake news” (“notícias falsas”).

Portanto, não é nenhuma surpresa que The Post esteja sendo visto como um filme não sobre 1971, mas sobre 2017, em que as mulheres estiveram no centro das atenções e a imprensa sofreu muitas ameaças à sua liberdade. E é por isso que é mais relevante do que nunca.



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