AVISO: ESTE POST CONTÉM SPOILERS DE “WANDAVISION”
Estava um pouco relutante em assistir a WandaVision. Afinal, nunca li os gibis e mal me lembro do que aconteceu em cada filme do Universo Cinematográfico Marvel (“MCU”), exceto com os personagens principais, como Capitão América, Homem de Ferro, etc. Mesmo assim, depois de alguns amigos recomendarem a série, decidi tentar, mas só depois de ler um breve resumo online do que tinha acontecido com Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen) e Vision (Paul Bettany) nos filmes anteriores.
Para recapitular: Vision foi morto durante Vingadores: Guerra Infinita e Wanda teve que testemunhar aquele momento. Como é possível, então, ter um programa estrelado pelos dois? Essa é a principal questão que o público enfrenta nos três primeiros episódios, quando o que realmente vemos são réplicas de sitcoms das diferentes décadas: 1950, 1960 e 1970. Cada um dos episódios conta com um tema de abertura específico e o respectivo estilo de roupa, diálogos, etc.
Encontramos Wanda e Vision morando em uma pequena cidade chamada Westview, onde levam uma vida normal como marido e mulher. Existem algumas coisas estranhas acontecendo, mas nunca é explicado o porquê. Depois do quarto episódio, porém, o enredo começa a ficar um pouco claro, e o público finalmente começa a entender que Wanda é quem isolou aquela cidade e está controlando seus habitantes.
Conforme a história avança, aprendemos que seu enredo principal é, na verdade, Wanda enfrentando o luto decorrente da morte de Vision. Ela criou toda aquela ilusão apenas para tê-lo novamente em sua vida. Esse é, para mim, o melhor desenvolvimento de personagem que a Marvel teve até agora, permitindo-nos realmente mergulhar a fundo no estado mental de uma personagem, ao invés de nos concentrarmos apenas no aspecto heróico dela.
Talvez seja por isso que muitas pessoas tenham se decepcionado um pouco com WandaVision: incontáveis teorias de fãs surgiam todas as semanas sobre detalhes escondidos na série (os chamados “easter eggs”) que possivelmente significariam que um personagem da franquia da Fox apareceria, ou ainda sobre diferentes cenários de como a série se conectaria ao novo filme do Doutor Estranho.
Se, no entanto, você não tiver apego a nada disso, assim como eu, você poderá simplesmente desfrutar de um seriado que homenageia a televisão em todos os seus formatos e que, ao mesmo tempo, nos dá uma personagem tão complexa que faz você se perguntar o que você faria fazer se tivesse o mesmo tipo de poder que ela.
O momento crucial da série acontece durante o oitavo episódio, durante um flashback de Wanda e Vision no complexo dos Vingadores falando sobre Wanda ter perdido seu irmão Pietro. Vision, então, diz a ela que nem tudo pode ser tristeza, pois “o que é o luto, senão o amor que perdura?”. Essa fala comoveu muitos fãs, incluindo eu. Qualquer pessoa que já perdeu um ente querido entende imediatamente o que Vision está dizendo e simpatiza com Wanda, pois ela passa por todos os estágios de luto diante de nossos olhos.
A série tem, é claro, muitos momentos familiares ao MCU, com batalhas épicas e histórias de origem para outros personagens. No entanto é, em última análise, a história de Wanda e um convite para o público refletir e sofrer com ela, independentemente do que aconteça no próximo seriado/filme da Marvel.
Meu conselho, então, é assistir à série como você faria com qualquer outra: aproveite a história como ela é apresentada a você, sem pensar em como ela se conectará ao MCU. Dessa forma, você poderá apreciar plenamente o design de produção, a trilha sonora, o figurino e a maquiagem de cada década, a atuação soberba de todo o elenco e, o mais importante, o enredo. Wanda e Vision merecem toda a nossa atenção.
