Especial: Trilogia “De Volta Para o Futuro”


de volta para o futuro

 

 

Por Paulo Marzionna* (Twitter: @pmarzionna)

O dia 21 de Outubro de 2015 vai ficar marcado na história como o dia em que as redes sociais foram inundadas por homenagens a De Volta para o Futuro. Redes sociais estas que não foram previstas por Bob Gale e Robert Zemeckis na sua visão de futuro, mas quem se importa? Olhar para os erros e acertos das previsões do roteiro é um exercício divertido, mas que corre o risco de reduzir um dos melhores filmes de aventura de todos os tempos a uma ficção científica com uma visão imprecisa sobre o futuro. Por isso, o objetivo deste texto-homenagem não é tentar avaliar se o mundo precisa de hover boards, mas sim tentar entender o que faz de De Volta para o Futuro uma trilogia brilhante, com alguns dos filmes e personagens mais queridos de uma geração inteira de espectadores da Sessão da Tarde.

Embora o buzz da presente data ocorra em função do segundo filme da trilogia, é inegável que o primeiro filme, de 1985, é o responsável por colocar Marty McFly e Doutor Emmett Brown em nossos corações. O primeiro filme é o ápice do cinema de aventura: um roteiro quase perfeito, personagens com os quais nos identificamos instantaneamente, um herói que já conquista o espectador na primeira cena, uma trilha sonora impecável, falas memoráveis e, o principal, uma sequência final de resolução dos conflitos de tirar o fôlego. Tudo isso tendo como fundo a realização do sonho da viagem no tempo.

Filmes com todas essas qualidades não são a regra em Hollywood. Há um punhado de filmes com bons personagens, mas sem roteiro. Ou com bom roteiro, mas sem uma trilha sonora memorável. E por aí vai. Quando tudo isso está junto em um mesmo filme, temos cinema de qualidade. Mas isso ainda não é suficiente para criar uma lenda, uma obra digna de ser venerada por uma legião de fãs. Para atingir esse patamar, o segredo reside nos detalhes. E poucos filmes são tão bons nos detalhes quanto De Volta para o Futuro. Desde piadas internas, como colocar Huey Lewis (autor de Power of Love) para desclassificar os Pinheads na batalha das bandas, até os pequenos detalhes que revelam todo o esmero com que se trabalhou o roteiro final, como a mudança do nome do shopping center de Twin Pine Mall para Lone Pine Mall em 1985 após Marty derrubar um dos pinheiros ao chegar em 1955, ou a ligação de Marvin Berry, líder dos Starlighters, para seu primo Chuck Berry, durante a execução de Johnny B. Goode, que seria lançada pelo mais famoso dos primos Berry em 1958. São estes detalhes, somados a todo o resto já citado (atores, roteiro, diretores, trilha sonora, etc.) perfeitamente encaixados, que fazem o primeiro filme da série ser tão prazeroso de ser revisto, e o ápice da carreira de grande parte dos profissionais envolvidos na produção (Alô, Tom Wilson! Alô, Crispin Glover!)

As sequências de De Volta para o Futuro, embora um nível abaixo da produção original, são capazes de manter as principais características do primeiro filme, apostando com sucesso no paralelismo de roteiros e no cuidado com os detalhes, elevando a série ao seleto rol das maiores trilogias do cinema. Da chegada em 2015 num Delorean Voador no início do segundo filme, à destruição do mesmo Delorean ao final do último filme da série, somos apresentados a novos velhos personagens e a novos velhos conflitos, resultando na mesma nova velha alegria que tivemos ao assistir o primeiro filme pela primeira vez.

Por todas essas razões, a comoção gerada pela chegada do dia 21 de Outubro de 2015 é mais do que compreensível. É merecida. De Volta para o Futuro certamente não é o melhor filme de todos os tempos. Mas é o meu filme favorito de todos os tempos. E o de tantas outras pessoas que já sonharam em ser Marty McFly por um dia (em 1985, 1955, 2015, ou, até mesmo, em 1985 alternativo).

 

E você, já reviu De Volta para o Futuro esse ano? Comente abaixo, compartilhe esse texto, e convença minha noiva a fazer de Earth Angel a música da nossa primeira dança após casados.

 

*Paulo Marzionna nunca conseguiu andar de skate ou tocar Johnny B. Goode com solo de Eddie Van Hallen, mas se realiza artisticamente editando os vídeos do Canal do Arts Commented no Youtube.

 

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