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Este filme estreou nos cinemas um dia após as indicações ao Oscar. Desde que foi indicado em seis categorias, incluindo melhor filme, fiquei imediatamente atraída para vê-lo. Primeiro, Clint Eastwood, cujo trabalho sempre vale a pena assistir, o dirige. Em segundo lugar, o fato de ele mostrar a história do “franco-atirador mais letal da história americana”, com 160 mortes confirmadas, era um enredo muito interessante. Em terceiro lugar, ele estava recebendo todos os tipos de comentários maniqueístas: se você gosta dele, é um verdadeiro patriota, porque os snipers são heróis; se você não gostar, é anti-americano (depois de ver o filme, fica claro que ele tem mais nuances do que as pessoas estavam dizendo). Finalmente, foi um enorme sucesso de bilheteria no primeiro fim de semana, com mais de US$ 100 milhões, quebrando o recorde de lançamentos de janeiro.
No entanto, ele já tinha a minha atenção desde que eu vi o trailer pela primeira vez há alguns meses. O trailer mostra uma cena em que Chris Kyle (Bradley Cooper, em uma ótima performance), na posição de disparar a sua arma, vê uma mulher e um menino saindo de uma casa no Iraque e a mulher entrega uma granada para ele. Chris Kyle pergunta para os outros soldados se mais alguém poderia confirmar se realmente era uma granada, mas ninguém pode ver a cena com clareza e, então ele recebe a resposta: “A decisão é sua”. O que ele faz? Será que ele atira no garoto? Será que ele espera? O trailer nos deixa perguntando o que acontece e nós só sabemos o resultado quase na metade do filme.
Este dilema mostrado no trailer representa mais precisamente para mim o verdadeiro tema. Ele está em uma zona de guerra: ou ele mata ou é morto. Não há nenhum tempo para pensar se os EUA deveriam estar lá ou não. O fato é que eles já estão lá. Tive a mesma sensação quando eu assisti o filme brasileiro Tropa de Elite, que também provocou uma grande discussão maniqueísta no Brasil sobre o papel da polícia e do uso da tortura.
“Sniper Americano” também mostra o efeito que a guerra tem sobre as pessoas cada vez que os soldados voltam para suas famílias. Chris Kyle ficou claramente viciado na tensão da guerra e tinha transtorno de estresse pós-traumático (PTSD), de modo que voltar para sua esposa (Sienna Miller) e filhos sempre foi uma adaptação difícil. Ele olhava para a TV desligada e ainda ouvia o som de tiros sendo disparados na guerra; ele tinha a sensação de estar constantemente sendo seguido; até mesmo o cachorro era considerada uma ameaça.
Resumindo: é um filme muito bom, merecedor das indicações e definitivamente vale o ingresso. No entanto, não acho que seja o melhor filme do ano. A pior parte do filme para mim e para minha amiga que o assistiu comigo, é o fato de que eles não foram capazes de encontrar um bebê de verdade para ser a filha do Chris Kyle! Era tão claro que era uma boneca que dá até vergonha! Sério, Clint Eastwood? Não encontraram bebês de verdade??