Depois de muitos atrasos, 007 – Sem Tempo Para Morrer finalmente chega aos cinemas do Brasil no dia 30 de setembro! Já que é a última vez que Daniel Craig vai interpretar James Bond, vamos revisitar suas quatro aventuras anteriores como o espião mais famoso do mundo!
007 – Casino Royale (2006)
Depois de 007 – Um Novo Dia Para Morrer (2002), considerado por muitos o pior filme da franquia, além de ser a última vez de Pierce Brosnan como James Bond, a EON Productions decidiu reiniciar a série. Com isso em mente, eles escolheram o primeiro romance de James Bond de Ian Fleming para ser adaptado, Casino Royale, e um novo ator, com uma abordagem completamente diferente para o personagem: Daniel Craig.
007 – Casino Royale não apenas reiniciou a história, mostrando-nos James Bond se tornando um agente 00, o que significa que ele tem uma licença para matar em nome do governo de Sua Majestade, mas também infundiu um estilo completamente novo ao personagem. O James Bond de Daniel Craig tem muito mais altercações físicas com seus inimigos do que as versões anteriores. O filme também é muito mais focado na realidade do que seu antecessor, que tinha muitas inclinações para a ficção científica.
Dirigido por Martin Campbell (que também dirigiu 007 Contra GoldenEye, o primeiro filme de Pierce Brosnan como Bond), 007 – Casino Royale também mostrou James Bond se apaixonando e tendo seu coração partido por Vesper Lynd (Eva Green). A franquia, então, tornou-se mais voltada para o personagem, com Bond realmente tendo sentimentos e ficando emocionalmente magoado, o que impactaria os filmes seguintes.
Eva Green está perfeitamente escalada para o papel de Vesper e é capaz de nos enganar sobre suas intenções até que finalmente descubramos a verdade, no mesmo momento em que Bond o faz perto do final do filme.
Outra ótima opção foi manter Judi Dench como M, depois de ter interpretado a personagem em todos os quatro filmes de Pierce Brosnan. Ela realmente é dona da personagem e coloca Bond em seu lugar. Também é muito importante que ela seja uma mulher que é chefe dele, e não uma de suas conquistas amorosas.
Não podemos esquecer um elemento importante em todo filme de James Bond: o vilão. Aqui, temos um dos maiores vilões de Bond, na minha opinião: Le Chiffre, interpretado com maestria por Mads Mikkelsen. Todas as suas interações ao longo do filme são incrivelmente divertidas de assistir, mas o destaque é a famosa cena de tortura, onde Le Chiffre tem James Bond amarrado nu a uma cadeira e, ainda assim, não consegue obter as informações que queria do espião.
A história nunca desacelera, com Bond indo de um local para outro em um piscar de olhos, enquanto se envolve em várias brigas. As sequências de ação são estimulantes e a trilha sonora de David Arnold as realça e lhes dá um maior senso de urgência.
Há também, é claro, o final, onde Daniel Craig diz, pela primeira vez, o nome é Bond, James Bond. É uma maneira perfeita de terminar esse filme e reintroduzir esse personagem para uma nova geração de cinéfilos.
007 – Quantum of Solace (2008)
É impossível falar em 007 – Quantum of Solace sem mencionar a greve dos roteiristas que ocorreu de 5 de novembro de 2007 a 12 de fevereiro de 2008. Todos os roteiristas de cinema e televisão entraram em uma greve que afetou vários programas de TV e filmes, o que fez com que muitas produções fossem adiadas.
A EON Productions, no entanto, não alterou o cronograma de lançamento de 007 – Quantum of Solace, previsto para 29 de outubro de 2008, o que significou que a produção do filme começou sem um roteiro concluído. Isso obviamente afetou o resultado e a segunda vez de Daniel Craig como James Bond acabou sendo um pouco decepcionante, especialmente porque veio depois de 007 – Casino Royale, que foi um grande sucesso.
Quantum difere da maioria dos filmes da franquia porque é uma continuação direta de Casino, com o filme começando momentos depois que a história terminou no filme anterior. Isso significa que o público precisaria se lembrar do que havia acontecido para entender o porquê de Bond buscar vingança acima de tudo, independentemente das consequências.
As sequências de ação são os destaques do filme, com incríveis perseguições que deixam o público sem fôlego e ansioso para saber o que vai acontecer.
Outra coisa que incomodou muitos fãs foi a ausência dos famosos bordões, como Bond, James Bond ou vodka martini – batido, não mexido. Não ter essas falas fez Quantum parecer mais um filme de ação comum do que um filme de James Bond.
Embora não seja o melhor capítulo do James Bond de Daniel Craig, está bem acima de muitos outros filmes da franquia.
007 – Operação Skyfall (2012)
007 – Operação Skyfall foi lançado no ano do 50º aniversário da franquia e se tornou um clássico instantaneamente. Dirigido por Sam Mendes, é meu filme favorito de James Bond porque engloba tudo o que há de bom no personagem, homenageando também os filmes anteriores.
O filme mostra James Bond vulnerável novamente e bebendo muito, evidentemente não pronto para voltar ao trabalho. Também foca, pela primeira vez, em M (Judi Dench) e seu relacionamento, e vemos o quanto Bond a ama quando ela morre em seus braços no final do filme.
Também aprendemos um pouco sobre o passado de Bond e seus problemas, o que teria consequências diretas nos filmes seguintes.
Com Judi Dench deixando a franquia, somos apresentados a um novo M: Ralph Fiennes. Outros personagens do MI6 também estão de volta, após estarem ausentes nos dois primeiros filmes de Daniel Craig: Miss Moneypenny (Naomie Harris) e Q (Ben Whishaw), que são acréscimos bem-vindos ao elenco e injetam nova vida na série.
Javier Bardem está sensacional como o vilão e faz parte da melhor cena de 007 – Operação Skyfall: o sinistro flerte entre seu personagem e Bond quando se encontram pela primeira vez. De acordo com o documentário Being James Bond, o estúdio queria cortar uma parte dessa cena. Fiquei muito feliz que os produtores venceram essa batalha. É um momento importante para os dois personagens e mostra que o passado de Bond não incluía apenas as mulheres como seus interesses amorosos.
A cinematografia em 007 – Operação Skyfall é de tirar o fôlego, com o contraste constante entre cores quentes (vermelho, laranja) e cores frias, com muito azul presente no filme. A escolha das locações também ajuda, com lugares como Turquia, Xangai, Escócia e Londres. Portanto, não é surpreendente que sua cinematografia tenha sido indicada ao Oscar em 2013.
O filme também recebeu indicações para Trilha Sonora Original (Thomas Newman) e Mixagem de Som. Ganhou dois Oscars: Melhor Canção Original (Skyfall, de Adele) e Melhor Edição de Som. Foi o filme de Bond com o maior número de indicações ao Oscar. É também o filme de James Bond de maior sucesso de bilheteria internacional na história da franquia de filmes oficiais.
Dirigido por Sam Mendes, 007 – Operação Skyfall é realmente uma conquista notável, e não perde seu encanto, mesmo nove anos depois de seu lançamento.
007 Contra Spectre (2015)
Sempre seria difícil superar 007 – Operação Skyfall, então a notícia de que Sam Mendes voltaria para dirigir 007 Contra Spectre deixou todos esperançosos de que seria tão bom quanto.
No entanto, 007 Contra Spectre acabou sendo uma oportunidade perdida de apresentar o mais famoso (e perigoso) vilão de Bond para um público novo: Ernst Stavro Blofeld, interpretado por Christoph Waltz. Sim, Blofeld é uma parte muito relevante da história, ligando todos os outros vilões dos três filmes anteriores. No entanto, ao invés de apenas torná-lo um vilão sem conexão com Bond, em Spectre descobrimos que Blofeld é o irmão adotivo de Bond e quer infligir dor nele especificamente.
O filme, infelizmente, não explora a organização. Nem explica seu acrônimo (em tradução livre: Executivo Especial para Contra-inteligência, Terrorismo, Vingança e Extorsão).
007 Contra Spectre também apresenta a Dra. Madeleine Swann (Léa Seydoux), filha do Sr. White (Jesper Christensen), um vilão que já havia aparecido em Casino Royale e Quantum of Solace. A Dra. Swann se torna o sério interesse amoroso de Bond, pois eles acabam juntos no final do filme e, como mostram os trailers, eles começarão 007 – Sem Tempo Para Morrer juntos também.
Existem muitos momentos ótimos em Spectre, como a sequência de abertura, filmada na Cidade do México e que mostra as celebrações do Dia dos Mortos. A perseguição de carros em Roma também é um destaque, assim como quaisquer interações entre Bond e Q.
O clímax, no entanto, quando Blofeld e Bond finalmente se enfrentam no Marrocos, é nada assombroso, e tudo o que acontece depois não é satisfatório.
Recentemente, soubemos no documentário Being James Bond que Daniel Craig estava com fortes dores durante a maior parte das filmagens, ao contrário do que havia sido relatado inicialmente. Sabíamos que ele teve uma lesão no joelho, o que interrompeu a produção por algumas semanas, mas todos presumiram que ele havia se recuperado totalmente quando a produção foi retomada, o que não foi o caso. Essa informação me fez apreciar o filme um pouco mais e explica melhor por que ele deu sua agora infame resposta depois de terminar as filmagens, dizendo que não voltaria para outro filme.
007 – Sem Tempo Para Morrer parece ser uma continuação direta de Spectre e também uma forma de resgatá-lo e de terminar a história que teve início há 15 anos. Mal posso esperar para ver!